Segunda Parte - De Entre Rios à Congonhas
Acordei mais tarde e após caprichado café da manhã na pousada, me despedi do Gleison e sob as bênçãos de N.Sa. de Brotas, segui, rumo a cidade de Jeceaba. Neste ponto, o caminho era mais plano e sombreado, sempre às margens do Rio Paraopeba, passando por lugares muitos belos e rodeado por sítios e fazendas.Uns 5 quilômetros a frente, me encontrei com um ciclista que vinha fazendo o trajeto da Estrada Real. Sérgio, que é paranaense, seguia pelo seu 15º dia, rumo a Parati-RJ e me avisou que Congonhas estava lotada, devido ao Jubileu e que não havia conseguido hospedagem, tendo que esticar mais a sua pedalada e pernoitar em São Brás do Suaçui.
Após trocarmos votos de boa viagem, segui meu caminho. Logo mais a frente, me deparei com uma
fonte de água, na qual pude me refrescar e após alguns minutos, já chegava ao povoado de Rio Abaixo.
Água geladaça! |
Andei por mais um tempo e as 11 da manhã, já cruzava as primeiras casas de Jeceaba. Parei para almoçar num restaurante local e após calorosa recepção, o proprietário me indicou um atalho, que seguia pela linha férrea até o povoado de Caetano Lopez.
Rumo a Caetano Lopes |
Andei por uns 7 quilômetros, até chegar ao vilarejo, no qual abasteci o cantil e continuei, rumo a Santa Quitéria, local pacato e de pessoas muito sorridentes. Passei por um muleiro, que me indicou um atalho e me ofereceu café.
As 14 horas, sai de Santa Quitéria, seguindo o atalho que o novo amigo me indicara. Ele só não me avisou que teria que subir uma serra, mas tudo bem. Segui por meio a uma reserva ambiental, não ouvia nem um barulho de bicho ou gente e aquilo me deixou um pouco incomodado. Após subir e descer muitos morros, finalmente cheguei ao asfalto, que me levava ao meu destino final.
Uma das pérolas do caminho |
Nesse ponto, já não tinha água e o cansaço era extremo. Fui seguindo a estrada asfaltada por uma hora, até avistar uma casa, na qual chamei e pedi por água. Um casal rodeado por uns 5 cães bravos veio me receber. Muitos simpáticos, me perguntaram de onde eu era e se assustaram com a distância que havia percorrido. Me disseram que estava a 15 minutos de Congonhas, para meu alívio.
Mas 15 minutos para quem estava cansado como eu, viraram 45 e as 17 horas, avistei o Santuário de Bom Jesus. Parei numa casa na entrada da cidade, que havia uma placa oferecendo banho por 6 reais. Não pensei duas vezes, pois estava imundo e destruído.
Após o banho, segui rumo ao meu destino final: a Basílica repleta de obras do artista "Aleijadinho". Na minha cabeça havia um misto de emoções: a alegria do dever cumprido e ao mesmo tempo a tristeza da jornada estar no fim.
Com muita dificuldade para andar nas ruas históricas de pedras, cheguei a igreja, assisti à missa, agradeci a Deus pelas forças que tive, aos meus pés por me levarem tão longe e dei por fim minha louca e emocionante aventura.
Não fiz esta viagem para ser melhor que ninguém, nem para provar minha capacidade. Fiz por fazer, e no final ela me serviu para mudar o meu pensamento sobre várias coisas da vida. Foi pura reflexão, suor, alegria e diversão.
E com a benção do Bom Jesus de Matozinhos, já planejo a viagem do ano que vem, porque isso vicia, meus amigos! Até a próxima!