sábado, 9 de setembro de 2017

Peregrinação a Congonhas - MG   - Parte 1

Total caminhado no Primeiro Dia: 42,6 km

Recentemente, me veio uma vontade de largar tudo e sair andando pelo mundo. Então comecei a pesquisar sobre peregrinações e travessias que as pessoas costumam fazer. Olhei e ouvi muitos relatos sobre o Caminho de Santiago de Compostela, O Caminho da Fé, de Aparecida - SP entre outros. Daí tive a idéia de fazer meu próprio caminho: Sair da minha casa, em Resende Costa - MG até a cidade de Congonhas, onde estaria acontecendo o famoso Jubileu do Bom Jesus.

Já havia ido diversas vezes, de carro com minha família. Mas a pé seria um novo desafio. E como a fé andava meio apagada, esta viagem serviria como uma maneira de renovar o corpo e a mente.

Traçada a meta, reuni o máximo de informação que consegui. Olhei mapas, calculei distâncias, preparei a mochila e parti na quinta feira, feriado de 7 de setembro.

Às 4 da manhã, sob a luz da lua cheia, iniciei meu caminho. Após realizada a primeira oração, parti, rumo a cidade de Entre Rios, meu primeiro local de pernoite. Nesta primeira etapa, seriam 43 quilômetros por estradas de terra, com muita poeira pelo caminho.

Ao caminhar pela cidade, só ouvia o latir dos cachorros e alguns galos começando o seu trabalho de avisar o começo de mais um dia.

Após cerca de uma hora e meia andando, já cruzava o Alto do Jacarandá, local onde avistaria Resende Costa pela última vez. Me despedi da minha querida cidade, pedindo a padroeira N.S. da Penha, que me desse forças para voltar em breve.

Aos poucos, o dia ia clareando, e com ele, o movimento dos carros, que iam e viam, trazendo a temida nuvem de poeira. Alguns até paravam, me oferecendo carona, mas eu negava e agradecia, dizendo que só estava fazendo uma caminhada.

Às 7 horas, já passava pelo povoado do Andrade, parei no cruzeiro do local, onde ouvi uma motosserra trabalhando ao longe e um trator arando a terra. Pensei na coragem do fazendeiro, em preparar uma terra que não via chuva a mais de 3 meses. Era a confiança de melhora do tempo? Espero que sim.

Continuei andando até o povoado Curralinho dos Machados, local que há uma igrejinha muito simpática e algumas casas ao redor. Neste local, só vi um homem, muito atarefado em terminar de ordenhar suas vacas e alimentá-las. Só o cumprimentei, para não o incomodar e sentei-me num banco de madeira em frente a escola do lugarejo. aproveitei para fazer um lanche e massagear os pés um pouco. Após o descanso, sabia que o trecho a seguir seria mais difícil.

Um souvenir
Subi e desci muitos morros, passando por fazendas fechadas e locais sem pessoas. A água do cantil estava acabando, mas não me arrisquei a pegar água dos córregos que passei. Sempre rodeado de paisagens lindas, me deparei com uma enorme plantação de trigo, coisa que nunca havia visto ao vivo, me senti numa cena de filme.
Igual ao Filme "Gladiador"

Ao andar por mais alguns minutos, me encontrei com um senhor cavaleiro, que vinha em sentido contrário. Nós tivemos uma breve conversa. Ao contar-lhe sobre minha aventura, vi no seu rosto uma mistura de admiração e pena. Disse que ia ser uma longa jornada e me ofereceu almoço. Agradeci e neguei, pois havia muitas provisões na mochila. Segui adiante.

Por volta de 11 e meia, chegava ao povoado dos Coelhos, onde abasteci meu cantil e bebi o famoso guaraná de garrafinha que hoje só se vê no interior. após conversa com os donos da venda, segui meu rumo sob as bênçãos de N.S das Graças, cuja igreja local era dedicada.

A partir daí, as coisas ficaram mais difíceis. O sol estava castigando, e as pernas já estavam reclamando. Diminui o ritmo e ao longe já avistava a cidade de Entre Rios. Restavam apenas 12 km, que pareciam 100. Mas não desanimei e fui seguindo devagar, parando diversas vezes para descanso.
Sol de rachar


Às 2 da tarde, passava pela Cachoeira dos Faleiros, onde o Sr. Adilson, dono da venda local, abasteceu meu cantil e pediu orações pela sua família, nas quais prometi que faria ao longo da jornada. E assim o fiz.

Finalmente, por volta das 4 da tarde, cruzei o Rio Brumado, entrando na cidade de Entre Rios, coberto de poeira e cansaço, onde fui recebido na pousada São Mateus, pelo meu anfitrião Gleison, que me ofereceu ótimas acomodações e por um preço bem em conta. Tomei um banho, avisei a família que estava bem e tratei de ir descansar, pois o segundo dia seria igualmente difícil. Apaguei.

Veja a parte 2 clicando aqui

Bon Camino!

2 comentários:

  1. Parabéns pela coragem, que essa seja a primeira de muitas

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    1. Com certeza, meu amigo. Obrigado e que Deus abençoe você, Vanessa e Isabela!

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